Em agosto de 2012, o Departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde na cidade de Porto Velho (Semusa) recomendou que consumidores deixassem de comprar polpa de açaí produzida artesanalmente por pelo menos dois meses, depois que 100% das amostras recolhidas anteriormente apresentaram coliformes fecais. De lá para cá, nenhuma nova ação de fiscalização quanto ao manuseio e comércio do produto foi realizada. Segundo a Vigilância, a intenção é capacitar os produtores para, em seguida, iniciar a fiscalização.
De acordo com técnico do setor de ações de controle de açaí da Vigilância Sanitária, Eleildon Mendes Ramos, o objetivo do órgão é qualificar os produtores quanto ao manuseio do produto para a venda e, a partir daí, iniciar as fiscalizações. O curso de boas práticas de manipulação de açaí estava previsto para acontecer em abril deste ano, mas foi cancelado por problemas envolvendo a empresa responsável e só deverá ser realizado nos meses de junho ou julho. “Em cima deste curso será firmado um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) junto aos produtores. Assim iniciaremos as ações de fiscalização”, explica Ramos.
Após o resultado das amostras coletadas em 2012, onde o consumo do produto havia sido considerado impróprio e a população orientada a não consumir o açaí por pelo menos dois meses, a Vigilância Sanitária realizou uma reunião com os batedores de guia Porto Velho, onde o resultado foi debatido e algumas normas de manuseio do produto foram recomendadas. “Quando o açaí está na fase de amolecimento, deve ser acrescentado, na água, hipoclorito de sódio para eliminar a contaminação”, exemplificou Eleildon. Outro cuidado é quanto ao armazenamento do produto já despolpado e embalado, que deve ser feito em local refrigerado.
No estabelecimento comercial de Ivan Martins de Oliveira, que há mais de 15 anos produz a polpa para vender, o modo de preparo teve mudanças. “Depois que tivemos as palestras com a Vigilância Sanitária de como fazer para eliminar bactérias e outras doenças, passei a lavar os grãos de forma diferente. Agora eu coloco o açaí de molho no hipoclorito de sódio [água sanitária], depois lavo de novo com água limpa e só depois eu bato na máquina para fazer a polpa. É um cuidado todo diferenciado”, explica.
Oliveira diz que não precisou ter a mercadoria interditada. “Eu fiz todos os procedimentos que foram solicitados pela fiscalização para não ter problema. Tenho todos os documentos”, declara. Segundo ele, mesmo na época da proibição a procura sempre foi a mesma. “As pessoas gostam muito de açaí”, conta o comerciante.
Segundo o técnico do setor de ações de controle de açaí, em 2013 nenhuma nova amostra do produto comercializado foi coletada, o que só deve acontecer, também, após a capacitação dos produtores. Ainda de acordo com Ramos, neste período a Vigilância Sanitária não recebeu nenhuma denúncia ou reclamação de consumidores referente ao comércio do açaí produzido artesanalmente.
Fonte: G1